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Paralisação da reforma agrária por Temer compromete produção de alimentos, diz Valmir

As notícias de que a reforma agrária está paralisada e que nenhuma família foi assentada em 2017 não surpreenderam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e tampouco o deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que apontou o período como o pior em 30 anos de militância e que o caso influencia diretamente na produção e nos preços dos alimentos no Brasil. Nesta terça-feira (6), o parlamentar e membro do MST da Bahia disse que depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a situação para os agricultores piorou. Assunção acredita que o processo de reforma agrária não interessa o atual governo. “É preciso dizer que o real motivo da paralisação é que o governo golpista de Michel Temer [MDB] não tem interesse em melhorar a vida do pobre do campo. Ao se aliar ao latifúndio para manter um poder ilegítimo, o governo impede que a concentração de terras no Brasil, uma das maiores do mundo, passe por qualquer tipo de democratização”, salienta Valmir.

  Paralisação da reforma agrária por Temer compromete produção de alimentos, diz Valmir

O deputado federal aponta que mesmo nos governos petistas, os movimentos de luta pela terra nunca se calaram sobre a secundarização das políticas de reforma agrária. “Denunciamos a queda do número de assentamentos criados, em contraste com a grande quantidade de famílias acampadas. No entanto, após o golpe de 2016, as políticas de reforma agrária inexistem ao ponto de nenhuma família ser assentada em 2017”. Assunção explica que a paralisação da reforma agrária significa um forte ataque à produção de alimentos, que estão cada vez mais caros nos mercados, justamente por falta de políticas que subsidiem a agricultura familiar, responsável por 70% da produção de alimentos no país. “Ao contrário, os golpistas, incluindo a bancada ruralista, trabalham diuturnamente para aumentarem a área de produção de commodities, que não alimenta o povo brasileiro, mas que enche os bolsos ruralistas de dinheiro”, pontua.

Paralisação da reforma agrária por Temer compromete produção de alimentos, diz Valmir

Assunção questiona os projetos em tramitação na Câmara que beneficiam os latifundiários e a bancada ruralista. “Os projetos eleitos como prioritários são a liberação de terra para estrangeiros e a autorização do uso de agrotóxicos, até mesmo os que são proibidos em outros países, sem fiscalização adequada. Por isso, a bancada ruralista quer modificar a legislação que se refere ao licenciamento ambiental e quer impedir, a todo custo, a divulgação da lista suja do trabalho escravo. Não há limites para quem só pensa no lucro”, dispara. Valmir frisa que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) “mente” ao afirmar que foram criados 9.374 assentamentos. “Mentira essa que já foi desmentida, pois os assentamentos ‘criados’ são frutos de decretos assinados por governos anteriores”.

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Para a dirigente nacional do MST, Lucinéia Durães, a popular Liu, o governo Temer “quer convencer a população de que a distribuição de títulos é a nova face da reforma agrária”. Assim como o deputado federal, Liu defende que a reforma agrária seja pautada na obtenção de terra, democratização e desconcentração fundiária. “Temer quer se abster da responsabilidade de trabalhar para que as condições mínimas de moradia, produção, cultura e lazer sejam garantidas aos assentados. E é isso que tenta fazer por meio da distribuição de títulos. Os direitos básicos de todos os brasileiros e brasileiras não são oferecidos para quem é camponês pobre”, frisa a dirigente.

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O MST afirma que se o governo Temer realmente estivesse preocupado com os pobres do campo, a sinalização estaria no orçamento público. Para 2018, o orçamento para obtenção de terras para a reforma agrária sofreu um corte de 80%. Ainda conforme Liu, o PNRA que garante a educação para a população camponesa sofreu um corte de 78%. Valmir completa dizendo que o trabalhador do campo é que acaba sendo prejudicado nas relações de poder do governo de Temer. “O resultado de tudo isso, conhecemos e sentimos na carne. Só em 2017, foram contabilizadas 65 mortes de trabalhadores, quilombolas ou indígenas. O maior índice de violência em 10 anos. Deste jeito, não tenho dúvidas que os conflitos deverão aumentar, com tendências de mais mortes de camponeses”.

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