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Mainha tem melasma: entenda o que são as manchas no rosto de Ivete

Por reprodução Correio/Pedro Vilas Boas*

A primeira foto do sorriso de Ivete Sangalo com as recém-nascidas Marina e Helena, junto com o marido e o filho mais velho do casal, conquistou mais de 3 milhões de curtidas somente na página oficial da cantora. Além dos likes na imagem, divulgada no início da semana, muitos fãs e seguidores estranharam as manchas escuras na pele da artista.

A dermatologista Fabíola Viterbo explicou que essa alteração na pele chama-se melasma, e não se trata de uma doença, já que não causa danos à saúde do portador, mas, sim, uma patologia dermatológica que provoca incômodo em muitos pacientes.

Mainha tem melasma: entenda o que são as manchas no rosto de Ivete

A patologia aparece como uma mancha de cor castanha em várias regiões do corpo, sendo o local mais comum a bochecha. Mas pode atingir também outras áreas extra-faciais, como braços e colo. Caso o paciente não procure ajuda médica, ela pode progredir de tamanho e escurecer a aparência.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), não há uma causa definida para a ocorrência dos melasmas, mas muitas vezes esta condição está relacionada ao uso de anticoncepcionais femininos, à gravidez e, principalmente, à exposição solar. O fator desencadeante é a exposição à luz ultravioleta e, até mesmo, à luz visível. Além dos fatores hormonais e da exposição aos raios solares, a predisposição genética também influencia no surgimento desta condição na pele.

Dias antes do parto, a própria Ivete havia divulgado em suas redes sociais que sofria com “manchas de progesterona na pele”.

“Tô procurando um aplicativo que tire essas manchas de progesterona [na realidade], mas não existe essa possibilidade”, brincou a cantora, na ocasião.

Ivete relatou que o melasma também havia se manifestado na sua primeira gestação. Fabíola explica que há a possibilidade das manchas reduzirem, mas não de forma definitiva. O melasma é um tipo de mancha que tem características hereditária, racial e hormonal, que não tem cura.

O portador do melasma, também conhecido como cloasma, já nasce com pré-disposição genética para apresentar a condição. Por muitos anos era apenas associada apenas à gravidez, já que nesse período a mulher produz um alto índice de hormônios, o que evidenciava os casos, mas atualmente já se sabe que a patologia é encontrada também em mulheres que não estão gestando, além de homens.

“Ela também tem relação com o uso do anticoncepcional, já que ele mexe com os hormônios femininos, aumenta a produção, além da miscigenação racial e da exposição ao sol”, ressalta Fabíola.

Ainda segundo a especialista, a medicina ainda não sabe a causa do melasma, apenas o que influencia em seu aparecimento em uma pessoa que já possui pré-disposição para a patologia. O principal fator de influência é a exposição ao sol.

“Tanto que você só consegue tratar o melasma tirando a pessoa do sol. Como a condição se apresenta, depende muito de cada caso. Tem gente que só de chegar o Verão, o melasma já volta. Tem outros que conseguem moderadamente voltar a frequentar a praia”, exemplifica Fabíola Viterbo.

Ela explica que o tratamento para desaparecer as manchas pode durar um mês, assim como pode perdurar por mais de seis meses e, ainda assim, não fazer com que as manchas sumam de forma definitiva.

Mainha tem melasma: entenda o que são as manchas no rosto de Ivete

A dermatologista esclarece que a condição não tem relação com outras doenças, o que inclui o câncer de pele. Homens também podem apresentar as manchas, mas são situações raras, já que possuem uma taxa baixa de hormônios como progesterona e estrógeno.

Apesar de não ter cura, existem métodos para que o paciente consiga fazer com que as manchas causadas pelo melasma sumam e não haja nenhuma evidência da condição no corpo. “Você pode tratar através de substâncias clareadoras, como vitamina C, hidroquinona – a mais comum – e os ácidos fítico e kójico, além, claro, da proteção solar”, afirma Fabíola.

Ela alerta que o filtro solar utilizado pelo paciente deve ser indicado por um dermatologista, que vai possuir a proteção contra raios do sol, como o UVA, principal raio associado ao melasma. Também existe o tratamento por meio de lasers, como o Ndyag, mais utilizado no mercado.

“A melhor prevenção é que o paciente seja orientado a evitar a exposição ao sol desde quando descobriu que possui melasma”, recomenda a especialista.

A dermatologista Marta Mascarenhas explica que pessoas com a pele mais escura têm mais chances de apresentar as manchas do melasma. “O melanócito – célula que produz a melanina que dá pigmento à pele – é estimulado pela radiação do sol e luzes visíveis e, em grande quantidade, causa a aparição do melasma”, comenta.

Segundo a médica, a patologia não traz nenhum prejuízo à saúde, a não ser o problema estético. “A questão é a insatisfação estética que as mulheres têm. Elas começam a não querer sair na rua, porque não querem mostrar o rosto”, afirma.

Marta explica que homens também podem apresentar o melasma, mas a chance é muito pequena já que a quantidade de hormônios como o estrógeno e progesterona é muito baixa.

A fisioterapeuta Carolina Marques, 37 anos, conta que já sofreu muito quando descobriu que possui melasma, há 15 anos, mas hoje aprendeu a lidar com a patologia.

“É algo que me deprime, às vezes, olhar no espelho e ter que ver. É algo que fico chateada por ter e saber que não tem cura. Mas hoje em dia, como sei que depende de mim, eu tento seguir uma rotina de cuidados”, conta Carolina.

Carolina afirma que é difícil conviver com melasma em uma cidade como Salvador. “Eu tenho que optar por ficar com o rosto limpo, pálido e sem ir à praia, ou ficar bronzeada, mas com o rosto manchado. É difícil porque aqui tem sol o tempo todo. Às vezes você se cansa de cuidar porque são cuidados diários”, desabafa.

Saber lidar com a patologia também é um problema para a assistente de estética, Lorena Pinheiro, 28. As manchas começaram a aparecer no corpo dela há quatro anos, quando ainda adorava passar horas na praia e fazer caminhadas no sol quente. “É horrível saber que tem melasma. Você sabe que não tem cura, é paliativo. Esteticamente é feio. No início assusta, mas depois você controla”, afirma Lorena.

Logo quando descobriu, Lorena era submetida a dez sessões de laser por semana, junto com um ácido para usar à noite e, claro, muito protetor solar. “Hoje em dia só abdiquei das sessões do laser”, conta.

Ela diz que não deixou de fazer nada que fazia antes do surgimento das manchas, mas diminui bastante a frequência das saídas ao sol e a forma como vai vestida a esses lugares. “Hoje vou à praia com chapéu, muito protetor e evito ficar muito tempo. Uso também viseira”, explica.

Tire suas dúvidas

  • O que é melasma? Ao contrário do que se pensa, não é considerada pela medicina uma doença. É uma patologia dermatológica caracterizada pelo surgimento de manchas pelo corpo, principalmente na região do rosto, local que sofre mais exposição do sol.
  • Tem números? 150 mil casos da patologia são registrados no Brasil todos os anos. 20 a 50 anos é o período mais comum da doença; mulheres são maioria
  • Como tratar? O tratamento do melasma é feito inicialmente com o uso de protetor solar indicado por um dermatologista e a recomendação de não se expor ao sol sem proteções como: chapéu, óculos escuros e viseira. O produto possui proteção contra raios UVA, que tem forte influência na aparição das manchas. Também são utilizados cremes que possuem substâncias clareadoras, além da aplicação de lasers e ácidos à noite.
  • Existem consequências? O descuido com a condição não traz nenhum dano à saúde do portador, a não ser a questão estética. As manchas progridem de tamanho e tendem a escurecer cada vez mais.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier

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