O grupo dos tucanos que está no poder apoiando o presidente Michel Temer expõe um racha. O resultado será o afastamento do partido dos ligados a Tasso Jereissati e Geraldo Alckmin, ou a instalação deste grupo em outro partido.
Mas muito mais importante do que apoio a Temer é a sucessão presidencial que se avizinha, deixando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso numa sinuca de bico.
A entrevista de FHC ao O Globo sugeria o afastamento do partido do poder. E em passado mais recente, ele fez observações consideradas fortes a respeito do posicionamento de Aécio Neves.
O descontentamento de Temer com FHC estimulou que Aécio, com o apoio que tem dos ministros que ocupam o poder, não só mantenha o apoio ao presidente como – mais grave – sinalize a sucessão presidencial onde ele, Aécio, mais experiente que Tasso em política, sabe que os tucanos sozinhos não vão ter vida longa.
Um dia depois de o PSDB escancarar o racha com a destituição de Tasso Jereissati, pelo senador Aécio Neves, e de o presidente Michel Temer reconhecer que sofre pressão de outros aliados – como o Centrão – para antecipar a reforma ministerial, o presidente tem em sua agenda um único compromisso oficial, até o momento, nesta sexta-feira, e é com um ministro do PSDB: o das Relações Exteriores, Aloysio Nunes.
Temer receberá, junto com Aloysio Nunes, às 11h desta sexta-feira, o vice-presidente da Comissão Europeia para Emprego, Crescimento, Investimento e Competitividade, Jyrki Katainen, e os chanceleres do Mercosul. O europeu esteve na quinta-feira na Argentina e vem ao Brasil para dar um impulso político às negociações do acordo comercial Mercosul-União Europeia.
Já outro ministro tucano, o da Secretaria de Governo, e cujo cargo é um dos cobiçados por aliados insatisfeitos, viaja no inicio da tarde para Salvador. Antônio Imbassahy era um dos poucos palacianos que costumam ficar às sextas-feiras no Planalto, mas hoje optou por voltar ao seu reduto eleitoral.
Os outros ministros palacianos Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-geral), ambos do PMDB, também ficarão fora nesta sexta-feira. Padilha já está em Porto Alegre e Moreira Franco irá para o Rio de Janeiro nesta manhã.
O ministro Bruno Araújo, das Cidades, que é do PSDB e participou e discursou na quinta-feira no lançamento do Programa Avançar está em Recife, seu reduto eleitoral, mas possivelmente manterá conversas com o Planalto, já que a pasta programa para a próxima semana uma cerimônia de entrega simbólica dos primeiros cartões-reforma.
Araújo tem sido acusado por alguns deputados de estar usando a pasta como vitrine eleitoral para o ano que vem. Com um dos maiores orçamentos e visibilidade, o ministério das Cidades também é alvo de cobiça de aliados insatisfeitos.