A campanha de vacinação contra a gripe H1N1 começará na próxima segunda-feira (23), mas desde o final de março as clínicas particulares de Salvador têm registrado aumento na procura pela imunização. Em alguns locais, a demanda dobrou. A corrida começou depois que 11 mortes foram confirmadas na Bahia por conta da doença.
A juíza Renata Quadros, 43 anos, protege os três filhos todos os anos contra a H1N1. As crianças, de 4, 7 e 9 anos, sempre são imunizadas em maio. Preocupada, este ano a mãe resolveu antecipar a proteção dos pequenos e também aproveitou para se proteger.
“As crianças fazem parte do grupo de risco, então, por conta dessa epidemia, resolvemos vaciná-los mais cedo. Ninguém ficou gripado lá em casa, e a vacina é mais por proteção mesmo. A gente pensa ‘qual o risco maior: vacinar ou não vacinar?’. A vacina é segura, então, o risco é maior se a gente não se imunizar”, afirmou.
Pedro é vacinado desde bebê;ontem ele foi atendido no Labchecap (Foto: Sora Maia/CORREIO) |
O filho caçula, Pedro, poderia tomar a vacina através da rede pública de saúde, mas ela preferiu não esperar até o dia 23. Assim como Renata, outros pais correram para as clínicas para proteger os pimpolhos. Em uma delas, na Pituba, funcionários contaram que a procura pela vacina aumentou em 100% na última semana.
A advogada Monique Ferreira, 35, contou que no sábado tentou imunizar a filha, Melissa Ferreira, 4, mas desistiu por conta da quantidade de gente na fila aguardando pela medicação. As duas vão viajar para fora do país no final do ano, e a mãe está preocupada com a transmissão da doença.
“A primeira vez que ela recebeu a vacina tinha 8 meses de vida. Todos os anos fazemos a imunização, mas esse ano ficamos mais atentos por conta do noticiário, e porque temos amigos que tiveram a doença. Alguns médicos da família também recomendaram tomar a vacina, então, viemos logo para fazer isso”, disse, enquanto aguardava na recepção da Labchecap.
Animada, Melissa afirmou que a vacina não dói. “É só uma picadinha. Eu não choro, só faço ‘ushh'”, contou a pequena.
Monique e Melissa têm amigos que já tiveram H1N1; ontem se vacinaram na Labchecap (Foto: Sora Maia/ CORREIO) |
Já a estudante Stephanie Moricy, 21, contou ter tomado a vacina pela primeira vez. “Nunca tinha pensado na importância da vacina até ver a campanha nos noticiários. Meu namorado toma todos os anos, então, resolvi fazer o mesmo. Ela é importante para proteção, mas sou a primeira lá de casa a me vacinar esse ano”, disse.
Dúvidas
A enfermeira Leila Brito trabalha na clínica Sabin e contou que desde que a vacina chegou nas unidades da empresa, há 15 dias, o número de atendimento dobrou em relação ao ano passado.
A maioria dos pacientes chega ao local com dúvidas como: qual a idade mínima para receber a vacina? Quem pode receber a medicação? A vacina oferecida na rede particular é a mesma do posto de saúde? E quais são as principais reações?
“Notamos um crescimento acima de 100% na demanda. A procura está muito grande, principalmente, devido ao registro de casos da doença. Tivemos um aumento na sede e nas quatro unidades da Sabin. A composição da vacina muda anualmente, por isso, ela precisa ser tomada todos os anos. A vacina ainda é a melhor forma de prevenção”, afirmou.
A enfermeira contou que a imunização se apresenta de duas maneiras. A trivalente tem três sepas dos vírus da gripe, e previne contra H1N1, H3N2 e uma sepa do tipo B. Já a tetravalente (ou quadrivalente) é mais completa, e tem quatro sepas do vírus contra a H1N1, H3N2 e duas sepas tipo B. A escolha fica a critério do paciente.
Stephanie tomou a vacina da H1N1 pela primeira vez ontem na Labchecap (Foto: Sora Maia/ CORREIO) |
Despesas
Cada dose da vacina custa, em média, entre R$ 100 e R$ 130 na rede particular de Salvador. O valor pode ser parcelado, e apenas crianças menores de 9 anos que nunca receberam essa vacina precisam de dose dupla. Para os demais pacientes a dose única é suficiente para fazer a imunização.
Podem ser vacinadas crianças a partir dos seis meses de vida, sem limite de idade máxima. É preciso levar um documento de identificação e o cartão de vacina. Quem tiver alergia a ovo precisa levar também a orientação médica por escrito. O horário de funcionamento alterna de unidade para unidade, por isso, é importante checar com os laboratórios.
Confira o valor da vacina em alguns laboratórios da capital:
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O servidor público Varghá Santos, 55, contou que há muitos anos tenta estar com o calendário de vacinação em dias. Ele acredita que a proteção ainda é o melhor remédio.
O servidor público Varghá Santos, 55, durante imunização (Foto: Sora Maia/CORREIO) |