A suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) levou a uma sacudida na cúpula do órgão. O diretor adjunto Alessandro Moretti foi exonerado ontem pelo presidente Lula. Ele será substituído pelo cientista político Marco Cepik, que hoje está à frente da Escola de Inteligência da Abin. Mais cedo, o petista já havia dito que não havia clima para Moretti continuar, pois estava sendo “provado” que ele mantinha relação com integrantes do governo passado, como o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da agência investigado pela Polícia Federal.
No inquérito sobre a chamada “Abin paralela”, a PF cita um suposto conluio entre a atual gestão da agência e a anterior para dificultar as investigações sobre o monitoramento ilegal de autoridades e adversários do então presidente Jair Bolsonaro (PL).
A mudança foi decidida em reunião ontem com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais). No ano passado, a Abin deixou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), passando para o guarda-chuva da Casa Civil, com o objetivo de diminuir a bolsonarização do órgão. Apesar de Moretti ser visto como bolsonarista, Lula o manteve por indicação do atual chefe da Abin, Luiz Fernando Corrêa, cuja demissão chegou a ser debatida, mas não será efetivada — ao menos por ora. Além da demissão do número dois, todos os departamentos passarão por mudanças e sete diretorias serão trocadas — quatro delas devem ser assumidas por mulheres.