O partido que teve 51 milhões de votos em 2014 está vivendo seu 11 de setembro particular nesta terça-feira. O PSDB polarizou a política brasileira desde a década de 1990. Foi um dos artífices da Constituição cidadã de 1988, mas cometeu um erro que pode ter sido fatal ao imaginar que poderia rasgá-la sem ser punido pelo povo brasileiro. O PSDB está despedaçado, em franca decadência, com sinais de estado terminal. Alckmin, Doria, Richa e Aécio são os símbolos do desastre e alguns dos líderes líderes tucanos que conduziram o partido ao desastre, ao lançá-lo na aventura do não reconhecimento da eleição de Dilma em 2014 e do golpe de Estado em 2016.
O candidato a presidente do partido, Geraldo Alckmin, que deveria ter ao menos 20% nas pesquisas, uma fatia do eleitorado que sempre foi fiel ao partido, luta para conquistar ao menos metade disso, sem grande sucesso. O que resta a ele é o volume morto da represa de votos que já foi dos tucanos. Alckmin está numa campanha errática, que hora apresenta programa, hora bate em Bolsonaro, hora ataca o PT, hora ataca Temer -de quem é candidato. Nem toda a torcida e ações discretas e descaradas da mídia conservadora para fazê-lo subir nas pesquisas está adiantando.
João Doria pode ser conhecido no futuro como o cometa que mais rapidamente riscou o céu da política nacional -para desaparecer no horizonte. Ele foi saudado pela direita como símbolo do “novo político”, que aportaria o estilo empresarial na gestão política -apesar de Doria ser mais um lobista que um empresário. Um Macri brasileiro, comemorava a direita em 2017. Parece caminhar para o mesmo fim da Macri e uma derrota fragorosa diante de Paulo Skaff em São Paulo. A cada pesquisa o tucano vê o Skaff morder-lhe os calcanhares e agora com uma derrota desenhada no segundo turno por 41% a 32%.
O ex-governador do Paraná, Beto Richa, candidato ao Senado, foi preso nesta no início desta manhã de 11 de setembro em Curitiba, acusado de corrupção. É um fato emblemático. Richa ficou conhecido no Brasil e internacionalmente como o carrasco dos professores do Paraná, ao ordenar uma repressão brutal a uma manifestação dos professores da rede estadual de ensino do estado que protestavam contra as mudanças na previdência para os servidores do Estado em 29 de abril de 2015. Mais de 200 pessoas ficaram feridas, oito delas em estado grave. Ele também é conhecido por ser amigo e aliado de Sérgio Moro. A prisão acontece nas barbas do juiz, que em junho havia enviado o inquérito sobre corrupção do ex-governador à Justiça Eleitoral, sendo obrigado a cuidar do casp novamente a partir de julho, por decisão da própria Justiça Eleitoral que o devolveu. A prisão de agora não se deve à lava Jato e foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Quanto a Aécio, poderia ter sido o líder da oposição de direita a Dilma, mas virou um pária na vida política nacional e até dentro do seu partido. Seu afilhado, senador Antônio Anastasia, agora candidato dos tucanos ao governo de Minas, escondeu sua ligação com Aécio a ponto de pedir à Justiça Eleitoral para vetar uma peça do PT no horário eleitoral gratuito por apenas mencionar a relação entre ambos. Alckmin, numa entrevista, declarou que não apoia a candidatura de Aécio à Câmara dos Deputados e o neto de Tancredo Neves sequer sai às ruas em Minas Gerais.
Do alto de 51 milhões de votos para o chão. Num 11 de setembro.