Política

Mulheres são apenas 15% entre os candidatos a governador

Se há uma coisa que o MDB de Michel Temer, o PSDB de Geraldo Alckmin e o PSL de Jair Bolsonaro podem ter em comum nas eleições deste ano é o fato de apresentarem apenas uma mulher como candidata para a disputa aos governos estaduais.

Nessas siglas, que até o momento somam 42 pré-candidaturas para o cargo, o número de mulheres não chega a 10% dos postulantes.

[Mulheres são apenas 15% entre os candidatos a governador]

A representatividade nos outros partidos, porém, também está longe de um cenário de igualdade. Segundo levantamento feito pela Folha, das 175 pré-candidaturas cogitadas pelos partidos até o momento para os governos dos estados e Distrito Federal, apenas 15%, ou seja, 27, são de mulheres.

PTC, PHS, PRB e PPL não informaram se terão candidaturas próprias para o cargo.

Comparado às duas últimas eleições, o percentual de candidatas mulheres cresceu pouco. Em 2014, elas eram 12% dos 162 candidatos a governos nas eleições. Já em 2010, esse percentual era de 10% de 150 candidaturas.

A cientista política, professora da Universidade Federal da Bahia e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo) Teresa Sacchet destaca que esse percentual de mulheres nos cargos é baixo em todas as esferas.

“Não é uma exceção, mas norma. Se não houver medidas legislativas que forcem os partidos a colocar mais mulheres como candidatos, vão continuar dando preferência aos homens, por considerar que eles são mais articulados e pelo fato de as direções executivas dos partidos serem compostas na maioria por homens”, afirma.

Das 25 legendas que disputarão os governos, 14 terão mulheres em 19 estados e no Distrito Federal.

O PSB, por exemplo, tem 11 pré-candidaturas, nenhuma delas de uma mulher. O PT —cujo estatuto determina paridade na executiva do partido— oficializa neste domingo (16) a pré-candidatura da filósofa Márcia Tiburi para a disputa no Rio de Janeiro, o terceiro nome da sigla dentre 13 pré-candidatos.

CULTURA PATRIARCAL

Pesquisadora e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas), Luciana Ramos avalia que o gargalo nos partidos deriva de uma cultura patriarcal, que determina que o lugar da mulher é no espaço privado, cuidando da família, e não no público. As atividades partidárias, por vezes, constituem a terceira ou quarta jornada que acumulam.

“Aquilo que a sociedade exige da mulher não está em conformidade com aquilo que ela poderia fazer. Quando se diz que as mulheres podem tudo, é mentira, porque se exigem várias coisas que impedem de fato a sua vontade política de se candidatar”, diz.

Elevar o número de mulheres, entretanto, não é o suficiente para garantir mais mulheres eleitas. Em 2014, Suely Campos (PP) foi a única eleita para o Executivo estadual, em Roraima. Em 2010, foram eleitas Roseana Sarney (MDB), no Maranhão, e Rosalba Ciarlini (DEM), no Rio Grande do Norte.

Na avaliação de Sacchet, o caminho para aumentar a representação feminina na disputa a cargos majoritários, em que o voto é distrital, é fortalecer as organizações de mulheres dentro dos partidos para que haja mais chance nos processos de seleção.

“Quando a disputa é acirrada, as mulheres saem perdendo”, diz.

Já no Legislativo, apesar da cota de 30% das candidaturas determinada por lei, um dos motivos para a falta de representatividade, na avaliação das especialistas, é a ausência de recursos destinados para as candidatas.

Segundo as especialistas, um dos motivos é a falta de recursos destinados para as candidatas.

Ramos é colíder de políticas públicas do Grupo Mulheres do Brasil, um movimento que milita pelo aumento de representatividade feminina na política que promoveu uma maratona hacker que resultou em protótipos para criação de uma ferramenta de monitoramento das candidaturas ao Legislativo.

O intuito do projeto Appartidarias 2.0, além de dar visibilidade para as candidaturas, é monitorar e criar alertas aos Ministérios Públicos para investigar se a candidatura é fictícia ou não, ou seja, para que recebam recursos suficientes.

A plataforma será lançada até as eleições, com uma ferramenta que será usada para emitir alertas para os partidos.

“Nosso principal foco é verificar como será o financiamento das campanhas e se os partidos vão cumprir a determinação dos 30% do fundo partidário. Não só desse fundo, mas do especial de campanha também. É uma ferramenta para a cidadania. Nós, sociedade civil, queremos controlar aquilo que os partidos políticos fazem”, declara a pesquisadora.

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