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Metade das dez cidades mais violentas do país estão na Bahia

 

Metade das dez cidades mais violentas do país estão na Bahia

Cinco das dez cidades mais violentas do Brasil estão na Bahia, segundo dados do Atlas da Violência 2018, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Eunápolis e Simões Filho, na Bahia, estão no top 3 de cidades mais violentas do país, atrás de Queimados (RJ). Ainda estão entre as dez mais violentas Porto SeguroLauro de Freitas e Camaçari.

A pesquisa faz mapeamento das mortes violentas em municípios com mais de 100 mil habitantes.

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   Os dados são referentes ao ano de 2016 e foram produzidos com base no Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.

Foram analisados 309 municípios. Os três mais pacíficos são Brusque(SC), Atibaia (SP) e Jaraguá do Sul (SC) – nenhuma cidade baiana aparece entre as 10 com menor taxa. Enquanto os três mais pacíficos têm taxas de morte violenta de 4,8 a 5,4 a cada 100 mil habitantes, os três mais violentos têm taxas de 107,7 a 134,9. Veja a lista com as dez cidades mais violentas do país:

CIDADE/MORTES VIOLENTAS PARA CADA 100 MIL HABITANTES

  1. Queimados (RJ) – 134,9

  2. Eunápolis (BA) – 124,3

  3. Simões Filho (BA) – 107,7

  4. Porto Seguro (BA) – 101,7

  5. Lauro de Freitas (BA) – 99,2

  6. Japeri (RJ) – 95,5

  7. Maracanaú (CE) – 95

  8. Altamira (PA) – 91,9

  9. Camaçari (BA) – 91,8

  10. Almirante Tamandaré (PR) – 88,5

Metade das dez cidades mais violentas do país estão na Bahia

Segundo o mapeamento, 50% das mortes violentas do Brasil se concentram em apenas 123 municípios do país, o equivalente a 2,2% das cidades brasileiras. Destes 123 municípios, 33 estão no Rio de Janeiro ou na Bahia.

Levando em conta somente capitais, as três com maiores taxas de morte violenta são Belém (PA), Aracaju (SE) e Natal (RN). Já as que têm menores taxas são São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e Vitória (ES). Salvador é a quinta mais violenta, com taxa de 61,7 mortes para cada 100 mil habitantes. A média nacional é de 30.

   O Atlas mostra que as dez cidades maios violentas do país têm nove vezes mais pessoas na extrema pobreza do que as cidades menos violentas.

O estudo mostra essa correlação entre condições de educação, trabalho e vulnerabilidade econômica com a prevalência de mortes violentas. Os municípios com menor acesso à educação, com maior população em situação de pobreza e maiores taxas de desocupação apresentam maiores taxas de mortalidade violenta.

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DADOS DA BAHIA

Na semana passada, o Ipea divulgou a primeira parte do levantamento. Em dez anos, a taxa de homicídios na Bahia quase dobrou: cresceu 97,8% entre 2006 e 2016, de acordo com o Atlas da Violência 2018, divulgado nesta terça-feira (5) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Mais uma vez, a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP) contestou os números do levantamento e disse que a metodologia desfavorece os estados nordestinos ao não levar em consideração que eles “contam as ocorrências usando uma metodologia mais fiel à realidade” (leia mais abaixo).

Entre dados alarmantes divulgados pelo novo Atlas da Violência, um destaque: o número de jovens mortos. O estudo indica que, em dez anos, o Brasil sofreu aumento de 23,3% no número de homicídios de jovens (pessoas com idades entre 15 e 29 anos).

   Em 2016, foram 33.590 jovens foram assassinados – desses, 94,6% são homens.

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A Bahia está entre os cinco estados em que os jovens do sexo masculino mais morrem – houve um crescimento em torno de 20% entre 2015 e 2016.

Aqui, a taxa é de 218,4 jovens do sexo masculino mortos para cada 100 mil habitantes – no país, a taxa é de 122,6/100 mil. Quando são observadas as mortes de jovens em geral, sem distinção por gênero, a Bahia ainda tem números maiores do que a média nacional: 114,3 contra 65,5 para cada 100 mil habitantes.

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TAXA DE HOMICÍDIOS

Nada está tão ruim que não possa piorar. Segundo o levantamento do Ipea, a taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes na Bahia quase dobrou nos últimos dez anos. De acordo com o Atlas o crescimento foi de 97,8% na comparação entre 2006 e 2016.

A taxa na Bahia, em 2016, foi de 46,9 para cada 100 mil habitantes, 18,7% a mais que em 2015. Há dez anos o percentual era de 23,7 para cada 100 mil/h.

O número coloca o estado na sétima posição no ranking dos mais violentos ficando atrás apenas de Sergipe (64,7), Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), e Pernambuco(47,3).

DADOS DIFERENTES

O Atlas da Violência é feito com base nos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde em cada estado – esses dados são alimentados pelas secretarias estaduais de saúde, que, por sua vez, recebem as notificações das pastas municipais. Esses dados são diferentes, portanto, dos dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA).

Os dados da saúde – que são utilizados para a implementação de políticas públicas na saúde – costumam ser escolhidos por organizações que conduzem esse estudo porque, na área da segurança pública, não existe nenhum sistema unificado nacionalmente como o SIM. A metodologia é alvo de críticas da SSP.

   “A melhor forma de lidar com essa discussão é a transparência. Criticar o mensageiro não vai resolver o problema. O Fórum e o Ipea têm feito um trabalho muito grande para a qualificação (dos dados). A sociedade precisa estar informada, até para diminuir a sensação de medo no país”, afirma o pesquisador Renato Sérgio de Lima, do FBSP.

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Na saúde, os homicídios podem estar entre as chamadas Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCIs), que ainda incluem suicídios, acidentes fatais, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. No Atlas, inclusive, os pesquisadores apontam que o número de MVCIs é “preocupantemente alta” em cinco estados – um deles seria a Bahia (que só fica atrás de Minas Gerais). Segundo os pesquisadores, isso poderia contribuir para diminuir a taxa de homicídio oficialmente registrada.

No entanto, de acordo com a diretora de vigilância do serviço de verificação de óbito da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), Márcia Mazzei, o problema começa no preenchimento da declaração de óbito. Vindas do Instituto Médico Legal (IML) ou dos hospitais, em muitas delas, a causa da morte não é apontada pelos legistas.

   “A declaração do óbito vem muito com a descrição da lesão. Pode ter lá ‘perfuração por arma de fogo’, que é importante saber para garantir assistência às pessoas, mas para fins de saúde pública, o que interessa é a circunstância da morte. Se foi suicídio, se foi homicídio.”

Ela explica que, ao longo dos anos, o preenchimento chegou a melhorar. A Sesab faz trabalhos em conjunto com o IML e com o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), mas ainda não tem sido suficiente. Essas informações são importantes para pensar em políticas que vão desde o número de leitos disponíveis nas unidades de saúde até na formação de equipes cirúrgicas.

   “Os legistas alegam que essa é uma informação policial e não do legista. Eles dizem que são formados para descrever os achados de necropsia, só que essa informação da polícia tinha que estar anotada no atestado. Tem campos para isso”, diz.

É para reduzir esses problemas que a Sesab treina os chamados ‘codificadores’ – são pessoas ligadas à prefeitura, geralmente às secretarias municipais de saúde, que deve ir até o IML ou ao hospital e colher mais informações sobre as circunstâncias morte, para corrigir o problema. Só que ela reconhece que isso não tem acontecido da melhor forma.

O órgão já treinou mais de 200 codificadores em todo o estado – e, segundo Márcia, já houve treinamentos em todas as cidades com mais de 50 mil habitantes. Agora, a meta é incluir aquelas que tem a partir de 20 mil habitantes.

Além disso, desde o ano passado, a Sesab faz parte de um grupo de trabalho que inclui, ainda, SSP e outras secretarias estaduais. O objetivo é criar um serviço de notificação unificado.

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SSP QUESTIONA DADOS DO ATLAS DA VIOLÊNCIA

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, lamentou em nota que, por mais um ano, os estados nordestinos figuram sempre como mais violentos do país, mas questionou a metodologia usada pelo Instituto. Ele apresentou números da própria SSP referente a 2017 que mostram redução na criminalidade, e disse que o combate de armas precisa ser feito também nas fronteiras.

   “Na avaliação da SSP, as mortes por arma de fogo, no Brasil, são reflexo da falta de uma política nacional de segurança, com ausência de combate à entrada de armas através das fronteiras. Em 2018 a polícia baiana, nos quatro primeiros meses, chegou a uma média de 22 armas apreendidas por dia”, diz a nota.

Segundo os dados da SSP, no ano de 2017, comparando com 2016, a Bahia alcançou a redução de 5,2% nas mortes violentas. De 2015 para 2016, em Salvador, os crimes contra a vida caíram 3,1% e, no estado, houve um aumento de 12,4%. O órgão atribui a redução dos números a investimentos feitos na contratação de novos policiais, e entregas de novas estruturas, uma delas o Centro de Operações e Inteligência.

No que tange a morte de jovens, a SSP pediu uma maior participação dos municípios para propor ações sociais que ofereçam novas perspectivas, como mais oportunidades de emprego para evitar que os adolescentes se envolvam com o tráfico de drogas.

   “Os jovens que mais morrem são também os que mais matam”, diz a nota.

No que diz respeito à morte de negros, a SSP disse que está analisando os dados do período divulgado, tomando como base a faixa de população negra do estado, de 76%, a maior do país.

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