A participação do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no Jornal Nacional, na noite desta terça-feira (28), dividiu opiniões nas redes sociais e ressaltou as características que o fizeram chegar aonde chegou, com seu discurso inflamado que promete acabar com a criminalidade e restaurar uma ordem social supostamente perdida. Para o historiador político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Carlos Zacarias, ficou clara a intolerância que o candidato dispensa às mulheres.
“Bolsonaro foi aquilo que é: agressivo. Falou alto. Teve um momento em que ele dirigiu a palavra a [William] Bonner quando deveria ser para Renata [Vasconcelos], prova de que ele subestima a mulher”, avaliou.
“O público dele está pouco preocupado se ele é machista, racista, homofóbico. Que ele tem 27 anos de Congresso. Ele disse com orgulho que sempre foi do baixo clero, nunca vi isso”, prosseguiu, apostando, no entanto, que Bolsonaro perderá apoio após o início da publicidade na TV.
“Bolsonaro só consegue falar para os homens e, pelo que se viu ontem, com os homens. Ele não suporta mulheres que o enfrentem”.
“É provável que Bolsonaro tenha batido no teto. Vai desidratar com os oito segundos de TV. Ele vai perder eleitores, que devem ir para o PSDB, principalmente, e alguns para o PT. Pode acontecer o efeito manada”, sugeriu.
Em seu perfil no Facebook, o também professor da Ufba Wilson Gomes avaliou que o candidato “está ganhando por causa dos homens (cerca de 40%), mas não consegue crescer porque as mulheres o rejeitam (apoio de cerca de 24%)”.
“Bolsonaro, contudo, só consegue falar para os homens e, pelo que se viu ontem, com os homens. Em algumas semanas apenas, conseguiu quase sair na mão com Julia Duailibi, Míriam Leitão, Marina Silva e Renata Vasconcelos. Bolsonaro não suporta mulheres que o enfrentem. Ontem novamente mostrou que não apenas não sustenta pautas favoráveis às mulheres, como sequer respeita as mulheres que o entrevistam ou sabatinam”, escreveu.
“Se tem alguma tática para vencer a disputa pelo voto feminino, ainda não a mostrou. Ao contrário, imagino que a repulsa feminina por sua figura e candidatura deve ter aumentado ainda mais depois do episódio de ontem”, completou.
Segundo o especialista, conquistar o voto feminino será o principal desafio de Bolsonaro. “Aparentemente, os afetados pelo racismo e pela homofobia não conseguem ser uma força eleitoral capaz de impedir o sucesso de uma candidatura como a de Bolsonaro. O voto feminino, que representa 52% do eleitorado brasileiro, sim. É o osso duro de roer em que o bolsonarismo, por enquanto, vai quebrando os dentes”, pontuou.