A eleição de nomes conservadores para o Congresso em 2 de outubro fez com que muita gente especulasse sobre a capacidade do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) montar uma base parlamentar. A resposta parece vir dias depois de ele vencer o segundo turno. O Centrão, que participou de todos os governos desde a redemocratização, já sinaliza que tem interesse em integrar a base de Lula. O preço, pelo menos inicialmente, é que o presidente apoie ou ao menos não se oponha à reeleição de Arthur Lira para o comando da Câmara. O próprio deputado fez um primeiro movimento, ao fazer um pronunciamento reconhecendo o resultado das urnas tão logo o TSE proclamou a eleição do novo presidente. (Folha)
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Pode não haver relação direta entre os dois casos, mas a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse ontem que Lula não pretende se envolver na eleição para a presidência da Câmara, o que torna muito fácil a recondução de Lira. O partido saiu escaldado de 2015, quando patrocinou a candidatura de Arlindo Chinaglia contra Eduardo Cunha (então MDB-RJ), que venceu e, no ano seguinte, comandou o impeachment de Dilma Rousseff. (Poder360)
E o governo eleito vai precisar de muito apoio parlamentar se quiser implantar suas promessas de campanha. Ontem, o relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse não ver espaço na proposta orçamentária no Congresso para manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e conceder um reajuste ao salário-mínimo acima da inflação. Castro se reúne hoje com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e parlamentares ligados à transição, mas não promete boas notícias.
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que coordena pelo lado de Lula a transição de governo vai na manhã de hoje ao Palácio do Planalto, acompanhado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro Aloísio Mercadante, integrantes de sua equipe. Mas nenhum deles deve se encontrar com Jair Bolsonaro (PL), conta a Coluna do Estadão. O trio terá a primeira reunião com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que chefia a transição pelo lado do atual governo. A expectativa é que o presidente não permaneça no palácio durante o encontro. (Estadão)
O presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou na noite de ontem um vídeo (íntegra) pedindo que seus apoiadores desobstruam as rodovias, mas mantendo o apoio às manifestações golpistas contra o resultado das eleições do último domingo.
Na contra mão do que disse o presidente os filhos dele usaram as redes sociais para apoiar as ações golpistas. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), repetiu nas redes sociais um trecho do discurso do pai na véspera: “Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça como se deu o processo eleitoral.” O Zero Três não fez qualquer restrição ao bloqueio de rodovias. Já o Zero Um, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), escreveu: “Aplausos de pé a todos os brasileiros que estão nas ruas protestando, espontaneamente, contra a falência moral do nosso país! Confiem no Capitão!” (Poder360)
Além de fazerem obstruções ilegais em estradas, milhares de bolsonaristas em quase todas as capitais fizeram protestos nas portas de quartéis pedindo um golpe militar — o que é crime. Em Santa Catarina, a polícia investiga um vídeo em que apoiadores do presidente parecem fazer a saudação nazista. (g1)
Em um dos incidentes mais graves desde o início dos bloqueios golpistas, um motorista arremeteu com o carro contra dezenas de bolsonaristas que obstruíam a Rodovia Washington Luís, em Mirassol, no interior de São Paulo. Ele foi preso em seguida e vai responder por tentativa de homicídio. (Metrópoles)
já o Ministério Público Federal pediu que a PF investigue o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Ele é suspeito de cometer crime contra a democracia na abordagem a ônibus com eleitores de Lula e prevaricação na demora em impedir o bloqueio de estradas. Segundo Malu Gaspar, os setores de inteligência da PRF haviam identificado a preparação dos movimentos de caminhoneiros bolsonaristas e passado a informação à cúpula da corporação, que nada fez. (Globo)
JÁ no Supremo Tribunal Federal (STF) Uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso liberou despejos e reintegrações de posse a partir do início deste mês. As ordens de desocupação estavam suspensas desde junho de 2021. Segundo estimativas de organizações e movimentos sociais, pelo menos 188 mil famílias podem ser afetadas pela decisão do ministro, que também determinou a criação de comissões de mediação de conflitos nos tribunais para mediar possíveis despejos e apoiar os juízes no cumprimento das ordens. Barroso ainda decidiu que as famílias removidas e em situação de vulnerabilidade social sejam levadas para abrigos e incluídas em programas habitacionais alternativos. (BBC Brasil)
No âmbito internacional
Após a Noruega anunciar o retorno de investimentos do Fundo Amazônia, nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério de Cooperação para o Desenvolvimento da Alemanha, confirmou ontem que tem intenção de desbloquear os recursos para o combate ao desmatamento na Amazônia Legal. O ministro disse que os valores serão repassados quando o Brasil cumprir uma série de pré-requisitos que permitam o trabalho do fundo para a proteção das florestas. Ele ainda prevê que o país somente conseguirá cumprir as exigências a partir do ano que vem, quando Lula tomará posse como novo presidente da República.