Dois mil passageiros não puderam desembarcar no último fim de semana
Cerca de dois mil passageiros não puderam desembarcar no aeroporto no último fim de semana
PORTO SEGURO – As viagens de avião ao município turístico de Porto Seguro têm se tornado um transtorno nos últimos meses. O motivo são as interrupções na chegada e saída das aeronaves no aeroporto da cidade quando as condições meteorológicas não são favoráveis para o voo. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), isso acontece por causa da suposta protelação da administradora do terminal, a Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart), em resolver o problema. O órgão, por sua vez, nega.
De acordo com um levantamento feito por diferentes companhias aéreas brasileiras, divulgado pela Abear, cerca de dois mil passageiros não puderam desembarcar no aeroporto de Porto Seguro no último fim de semana em decorrência das interrupções causadas pelo mau tempo. “O problema está na velocidade [com que as coisas são feitas]. Eles têm os problemas deles, financeiros e administrativos, que eu não sei, mas a questão é a velocidade”, afirmou o diretor de segurança e operações de voo da Abaer, Ronaldo Jenkis.
Jenkis explicou que essas restrições poderiam ser evitadas caso o aeroporto dispusesse de uma ferramenta de auxílio ao pouso da aeronave, chamada de Indicador de Precisão da Trajetória de Aproximação (PAPI). O equipamento permite que o piloto receba uma informação quando estiver próximo a uma área da pista de pouso intitulada de “área de toque”.
Solução a caminho
Carlos Rebouças, superintendente do aeroporto de Porto Seguro, negou que a Sinart esteja agindo de forma lenta. “Nós contratamos consultoria externa, execução da obra, e tudo foi feito de acordo com o andamento de nossos consultores. Na Bahia não há profissionais assim, tivemos que buscar fora, isso demanda mais tempo”, explicou o superintendente.
Foto: Divulgação / Sinart
Terminal é gerido pela Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart)
Rebouças completa dizendo que a ferramenta não funciona em todos os casos. “Em condições drásticas de visibilidade, ele [PAPI] atenua essa dificuldade, mas não significa que resolva. Vai ter tipos de condições (climáticas) que mesmo com o equipamento, ele não pousa”, completou.
Segundo Rebouças, o prazo dado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a implementação do PAPI vence no dia 2 de janeiro de 2018, mas a ferramenta ficará pronta entre 18 e 19 deste mês, e dia 20 ocorrerá um voo teste com a utilização do auxílio visual.
A vendedora Caroline Menezes, 22 anos, que trabalha em uma loja no aeroporto de Porto Seguro, contou que observou a queda nas vendas no estabelecimento onde trabalha. “Teve uma redução muito grande em relação ao ano passado. Atrapalha o lojista e o funcionário, porque não conseguimos bater a meta e recebemos menos”, reclama.
Foto: Divulgação / Sinart
Donos de lojas no aeroporto já sentem queda nas vendas
Dona da loja de acessórios de moda Evhen Pedras Aeroporto, Wellysson Vidal também afirma que houve redução no número de vendas. “Houve uma queda de 15%. Mas o grande problema é na concentração de voos no sábado e domingo, e pouca movimentação durante a semana. Poderia haver uma distribuição melhor nos voos”, acredita o empresário.
Fiscalização
Por meio de nota, a Secretaria do Turismo do estado (Setur) explicou que atua “cobrando soluções das empresas que fazem a gestão dos aeroportos localizados no estado, a fim de que as operações sejam satisfatórias tanto para os passageiros quanto para as companhias aéreas”.
Especificamente no caso do aeroporto de Porto Seguro, a Setur afirma que, em parceria com a Secretaria de Infraestrutura do estado, fiscaliza “as ações da Sinart para que sejam prestados bons serviços, em conformidade com as exigências da Anac”.
Por Radar 64