Um caso de estupro de vulnerável ocorrido dentro da Paróquia Santo Antônio, da Igreja Católica, em Caravelas, no Extremo Sul da Bahia, está sendo investigado pela Polícia Civil local. A vítima é um menino de 13 anos, que relatou os abusos à polícia, após a mãe dele descobrir que o garoto estava com sífilis, adquirida possivelmente por meio do autor do suposto crime, Vitor Marques Daniel, líder dos coroinhas local.
O garoto fazia parte do grupo de coroinhas da Igreja desde abril de 2017. Traumatizado, ele se afastou da Igreja após os abusos e vinha falando até em suicídio para a mãe, até revelar o caso e se sentir mais aliviado com a verdade vir à tona.
No boletim de ocorrência, ao qual o CORREIO teve acesso com exclusividade e registrado dia 13 de março de 2018, o menino relata que os abusos ocorriam sob ameaça de morte a ele, a uma irmã de 8 anos e a um primo.
O primeiro abuso, na noite de 11 de maio de 2017, ocorreu, segundo o relato, após o menino fechar a Igreja com Vitor, ao encerramento de uma missa festiva. Na sala da sacristia, Vitor puxou papo sobre sexo com o menino e revelou o desejo de manter relações sexuais, tendo uma negativa como resposta.
O menino relata ter levado uma chave de braço por trás e que Vitor colocou uma chave de porta na garganta dele. Logo em seguida, foi jogado ao chão, onde o estupro foi consumado.
Ainda na mesma noite, o menino relata que depois do estupro Vitor enrolou fita adesiva em suas pernas e braços e colocou um pedaço na boca. Em seguida, o menino foi colocado sentado no colo de Vitor, que simulou fazer sexo, relata o boletim. Ao menos cinco abusos foram relatados pelo menino à polícia, tendo o último ocorrido dia 3 de fevereiro. Vitor, segundo o relato do menino, praticava nele sexo anal e oral.
A vítima afirmou ter recebido quantias em dinheiro por parte de Vitor, que variavam de R$ 10 a R$ 70, em recompensa para que ele mantivesse o silêncio.
No dia 25 de fevereiro começaram a aparecer bolinhas inflamadas no corpo do garoto, sinais da sífilis. Depois de feitos os exames que confirmaram a doença, o menino resolveu relatar o caso à mãe, que buscou auxílio no Conselho Tutelar.
Na Igreja, a função exercida por Vitor se chama Acólito. Outro caso de abuso sexual envolvendo o mesmo líder dos coroinhas está sendo investigado.
À polícia, Vitor negou os abusos, porém o delegado que investiga o caso, Gilvan de Meireles Prates, titular em Caravelas, disse que exames constataram que Vitor possui sífilis, o que está sendo considerado pelo delegado como forte indício de que o depoimento da vítima é verdadeiro.
Vitor alegou à polícia ter problemas psicológicos, argumento que o delegado avalia como frágil, diante da função a ele concedida pela Igreja. Vitor é trabalhador assalariado da Igreja, com registro no Ministério do Trabalho.
“Estamos já concluindo o caso. Vamos ouvir mais três testemunhas, todas da Igreja Católica”, declarou o delegado. Outro menino que teria sido abusado também foi ouvido pela polícia, mas negou ter sofrido a violência. “Mesmo com a negativa, ainda pedimos os exames para verificar se teve o abuso sexual, já que o menino pode ter ficado com medo de falar”, acrescenta delegado.