O bebê Emanuel da Silva Brito, de 2 meses, teve morte encefálica constatada por médicos do Hospital Eládio Lasserre, no bairro de Cajazeiras II, em Salvador – onde deu entrada após ser agredido pelo próprio pai, identificado como Edvaldo Rodrigues Brito, 24 anos. A morte encefálica acontece quando há a interrupção completa e irreversível de todas as funções cerebrais, mesmo na presença de atividade cardíaca ou reflexos.
A vítima chegou à unidade de saúde, por volta de 20h de quinta-feira (22), socorrida pelo próprio agressor, acompanhado da mãe do bebê. A criança apresentava hematomas por todo corpo, segundo médicos. Conforme informações registradas no posto da Polícia Militar do Eládio Lasserre, o pai da criança confessou a agressão.
“Após confessar, nós acionamos os agentes da Polícia Civil, que o conduziram para a delegacia. Não temos maiores informações, sabemos apenas que o bebê e a mãe dele ainda estão aqui [hospital]”, disse ao CORREIO um policial.
O CORREIO não conseguiu contato com a mãe da criança, identificada como Edmare Suane da Silva Costa.
No hospital, a acompanhante de idosos Lise Naiara Rocha Alves, 50, contou que a hora em que o casal chegou com o filho causou comoção no hospital. “Todo mundo ficou bastante chocado é triste, afinal, um neném ainda. O próprio pai fazer uma coisa dessas. Triste”, comentou.
Conforme informou o delegado da Central de Flagrantes Roberto César Nunes, em depoimento, o acusado disse que estava sozinho quando a criança começou a chorar.
“Ele contou que começou a jogar a criança para cima e, na terceira vez, já notou o filho mole e desfalecido”, relatou o delegado, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
No hospital, Edvaldo relatou outra versão aos médicos ao apresentar a criança, contando que o bebê havia apresentado mal estar após tomar um medicamento, no entanto, a pediatra que realizou o atendimento percebeu que o bebê tinha sido vítima de violência e, de imediado, acionou o posto policial do hospital.
Em nota, a PM informou que policiais da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Cajazeiras) estiveram no hospital e prenderam o genitor, que foi conduzido para a Central de Flagrantes.
O crime vai ser investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Até o momento o pai está autuado por tentativa de homicídio. Edvaldo encontra-se custodiado e aguarda a audiência na Justiça. Ainda segundo o delegado, se a criança não resistir, o criminoso será autuado por homicídio.
A criança continua internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). De acordo com o Ministério da Saúde, a constatação do óbito se dá no momento da conclusão do protocolo médico, o que pode ocorrer no momento da segunda avaliação clínica, ou do exame complementar (prevalece aquele que for realizado por último). No caso de bebês abaixo de um ano esse período é de até 24h.
‘Rapaz tranquilo’
O CORREIO esteve na casa da família do pequeno Emanuel, em Águas Claras, mas não encontrou ninguém. No local, vizinhos demonstraram estranhamento ao saber da notícia. Filho de um comerciante conhecido no Loteamento Condor, Edvaldo é descrito pelos vizinhos como um “rapaz calmo” e que não “se envolve em nada errado”.
Sem se identificar, uma moradora comentou que faz poucos meses que ele passou a morar no endereço, que fica no mesmo terreno da casa do pai, proprietário de um bar no térreo do imóvel. “Não dá bom dia nem boa tarde a ninguém, muito reservado. Tem gente aqui que nem sabe que ele tem esse filho. Não dá pra acreditar que ele assumiu que fez isso”, disse.
Dona de um restaurante na mesma rua, a comerciante Creuza Maria da Conceição, 57, disse que conhece Edvaldo há muitos anos e que toda família deve estar abalada.
“Ele jogou bola com meu filho, eram muito amigos. Mas meu filho seguiu o sonho e ele desistiu. Não sei se atualmente está trabalhando, mas sempre foi um rapaz direito, não tenho o que dizer sobre o caráter dele. Estou em choque”, comentou Creuza com a reportagem.