A pré-candidatura de Guilherme Boulos ao Planalto chega num momento importante no processo de organização da luta política no Brasil. A afirmação do presidente do PSOL na Bahia, Fábio Nogueira, que vê no mais novo integrante da sigla um “sinal de esperança”.
Coordenador nacional Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos lançou seu nome na corrida presidencial no último sábado (3), em ato que contou com a presença de artistas e intelectuais em São Paulo. Ele, entretanto, formalizará nesta segunda-feira (5) sua filiação à legenda socialista.
“A gente tem um momento difícil, em que Temer tenta se manter no poder através de medidas como a intervenção militar [sic] no Rio de Janeiro agora. Mantém o discurso aí, apesar de ter sido derrotado, da reforma da Previdência, e há um fortalecimento de alternativas conservadoras, em especial a do Bolsonaro. Então, o fato de termos o nome de Boulos como pré-candidato a presidente é um sinal de esperança de que é possível construir outro caminho para o Brasil”, avalia Nogueira, em entrevista ao BNews.
Para ele, o ingresso de Boulos na disputa eleitoral deve atrair um setor expressivo de “descontentes” com os rumos da política do país.
Nesse contexto, o líder dos sem-teto buscará os votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que poderá ser impedido pela Justiça de concorrer a mais um mandato.
Por meio de vídeo exibido no evento da pré-candidatura de Boulos, o petista avalizou as pretensões daquele que agora se coloca como seu potencial rival nas urnas.
Questionado sobre o que foi considerado um “respaldo” de Lula, Nogueira diz ser um “exagero” considerar tal manifestação como um “aval”.
“Guilherme Boulos é uma liderança do MTST, que é o movimento dos trabalhadores sem-teto de São Paulo, fez grandes mobilizações. Ele é liderança desse movimento. A candidatura de Boulos, na verdade, se trata de uma aliança do PSOL com o MTST e outros setores da esquerda, uma candidatura mais ampla. E o ex-presidente Lula, em tom de agradecimento, ao apoio que Boulos e o MTST prestaram na luta, primeiro, contra o golpe e também no processo de criminalização do ex-presidente, que foi a mesma posição adotada pelo PSOL”, disse.
“Acho que foi uma atitude de um político que saudou a candidatura de Boulos. Mas não vejo como aval. Vejo como uma retribuição pelo gesto de Boulos e do MTST em defesa e solidariedade a Lula, que é uma solidariedade democrática, republicana. De fato, não há elementos, do ponto de vista de provas, que possam servir de base para a condenação em segunda instância de Lula. Acho que, infelizmente, nesse caso específico, o Judiciário brasileiro se comportou de forma partidária e ideológica”, acrescentou.