Primeiro, porque não se pode fazer ideia em que uma “paralisação” dos juízes, já tão lentos quando “não vem ao caso” expor a “dureza” com que querem ser reconhecidos como os “moralizadores” e os ferrabrases.
Segundo, porque não haverá o que possa tornar palatável pela sociedade uma greve de servidores públicos que já recebem vencimentos que furam, duplicam e até triplicam, algumas vezes, o teto constitucional.
Mesmo o avantajado topete de Luiz Fux não será capaz de fazer com que a flagrante impropriedade de um “auxílio-moradia” distorcido ao ponto de virar “complemento salarial” e, ainda pior, ser “justificado” por magistrados, como Sérgio Moro, a este título.
Todos serão cancelados e, de cambulhada, lá se vão os mesmos penduricalhos para os procuradores, embora quanto a estes permaneça, ainda, a caixa-preta de diárias, pagas por meses e anos a fio, com designações para outros estados onde, todos sabem, já efetivamente residem.
Lambam os beiços, como dizia a minha avó, porque dificilmente serão obrigados a fazer o que se deve fazer com recebimentos indevidos: devolver.
Não é preciso ter as luzes jurídicas de “suas excelências” para saber que auxílio-moradia é para aquele que tem, em razão do serviço, de viver temporariamente fora de sua cidade, de seu estado.
Mas, talvez, a eles falte a compreensão que isso é o resultado da máquina de midiatização da Justiça que eles próprios puseram em marcha. E da grita contra os privilégios, sendo eles próprios privilegiados.
Cármen Lúcia, que não hesita em engavetar questões essenciais das garantias, como o absurdo da prisão antes do trânsito em julgado de condenações, não resiste à pressão criada pelos escândalos gerados justamente por dois dos “paladinos” judiciais: Marcelo Bretas, e eu “auxílio dose-dupla” e Sérgio Moro.
A mídia que tornou juízes heróis vai tripudiar no dia 22 de março, quando serão expostos, em sua própria casa, como vilões.
Por Ornes Jr