O Brasil barrou informalmente a entrada da Venezuela no Brics como país parceiro, novo tipo de associação introduzido na 16ª reunião de cúpula do bloco, iniciada ontem em Kazan, na Rússia.
O país de Nicolás Maduro ficou fora de uma lista preliminar de 12 convidados que tem Cuba, Bolívia, Indonésia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria, Uganda, Turquia e Belarus. Ainda pode haver mudanças na reunião dos chefes de Estado e de governo que acontece hoje, pois a ausência da Venezuela é um tema controverso.
O anfitrião Vladimir Putin tem estreita relação com Maduro. No ano passado, foram aceitos como parceiros Irã, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes — a Argentina também, mas não chegou a entrar por decisão do presidente Javier Milei. (Folha)
Mas a chegada inesperada de Maduro a Kazan pode mudar o cenário. Até recentemente, o líder venezuelano não pretendia viajar, e a mudança pode estar relacionada às dificuldades de aceitação do país no grupo. “Nossa presença é um avanço significativo para a geopolítica global”, disse Maduro ao desembarcar em solo russo.
Em Caracas, fontes lembraram que ele não costuma informar seus movimentos com antecedência, mas, neste caso, atribuíram a viagem à percepção de que “somente uma pressão muito forte” poderia reverter um cenário adverso para a Venezuela, principalmente pela resistência do Brasil. (Globo)
A cúpula é o evento internacional de maior destaque na Rússia desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Isolado pelo Ocidente, Putin obteve uma vitória diplomática ao receber líderes de China, Índia e África do Sul na abertura do encontro. “A cooperação Rússia-China nos assuntos internacionais é um dos principais fatores de estabilização do mundo”, disse Putin ao presidente chinês, Xi Jinping, a quem se dirigiu como “querido amigo” em reunião bilateral. “Continuaremos a colaborar para estabelecer uma ordem mundial justa.” (New York Times)