Centenas de mortos. Esse é o balanço do ataque de ontem ao Hospital Al-Ahli, na Cidade de Gaza. O número exato de vítimas fatais ainda não é preciso. Há relatos de 200, 300, mais de 500. Também não se sabe quantos palestinos ficaram feridos. A responsabilidade pelo ataque é outro ponto de incerteza. Imediatamente após o bombardeio, o Hamas acusou Israel, que foi condenado pela Autoridade Nacional Palestina e por vários países do Oriente Médio, como Egito e Irã. Mas as Forças de Defesa de Israel negaram envolvimento e responsabilizaram a Jihad islâmica Palestina, que também disse não ser responsável pelo ataque. “Não atacamos intencionalmente quaisquer instalações sensíveis e, definitivamente, não atacamos hospitais”, disse o tenente-coronel Jonathan Conricus. Para provar que não é responsável pelo ataque, o militar disse que Israel talvez compartilhe inteligência ou dados brutos com o mundo. Autoridades americanas já receberam essas informações e estão trabalhando para entender o que houve. (BBC e CNN)
Um dos indícios que Israel usa para sustentar sua inocência é a ausência de uma cratera na região, que um míssil causaria. A afirmação ainda não foi corroborada por analistas externos. Há um vídeo, tampouco corroborado como sendo do local certo e tomado na hora exata, que mostra uma série de foguetes disparados seguidos da explosão. O país também divulgou uma conversa captada entre dois líderes do Hamas que tratam da explosão, reconhecendo sua responsabilidade. Nenhuma das evidências passou pelo crivo externo ao governo israelense. (Times of Israel)
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a responsabilidade é dos terroristas. “As pessoas que assassinaram brutalmente os nossos filhos assassinaram seus próprios filhos também.” Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, chamou o ataque de “horrível massacre de guerra” e disse que Israel “ultrapassou todas as linhas vermelhas”. (BBC)
Na esteira do ataque, o presidente americano, Joe Biden, chegou esta manhã a Israel, onde foi recebido por Netanyahu e pelo presidente Isaac Herzog. Antes de embarcar, Biden se disse “indignado e profundamente triste” com a explosão no Hospital, mas seu esforço de mediar um cessar-fogo foi comprometido. A Jordânia adiou o encontro em Amã onde o americano se reuniria com o rei Abdullah II, e com os presidentes do Egito, Abdel Fattah al-Sissi, e da ANP, Mahmoud Abbas. (New York Times)
O bombardeio foi duramente condenado por líderes de todo o mundo. O secretário-geral da ONU, António Guterres se disse horrorizado e afirmou que “hospitais e pessoal médico estão protegidos pela lei humanitária internacional”. O presidente francês, Emmanuel Macron, cobrou que seja esclarecido e defendeu acesso humanitário a Gaza. O ministro britânico das Relações Exteriores, James Cleverly, disse que seu país vai trabalhar com os aliados para descobrir o que aconteceu e proteger civis inocentes. (Haaretz)
Em meio à troca de acusações, manifestantes saíram às ruas em vários países do Oriente Médio. Protestos foram registrados na Jordânia, no Líbano, no Iraque e no Irã. (CNN)
Diplomatas brasileiros envolvidos na repatriação de cidadãos que estão na Faixa de Gaza dizem que o Egito aguarda a garantia de que Israel permitirá a entrada de insumos antes de abrir a passagem de Rafah, que faz a ligação com o território palestino. As autoridades egípcias temem um grande afluxo de refugiados. (CNN Brasil)