POR LEOPOLDO VIEIRA
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem sido bem sucedido na montagem do governo ao estabelecer uma nova governabilidade, pelo menos na opinião pública, a ver no Congresso Nacional, sobretudo em relação à Reforma da Previdência. Nomear Sergio Moro para a Justiça foi outro gol, sinalizando à sociedade que o combate à corrupção não será esquecido e, de relance, persuadindo o investigado sistema político acerca de como proceder nas negociações Executivo-Legislativo.
Mas, começam a surgir os primeiros grandes problemas da gestão.
A PF divulgou que vai apurar denúncias contra o anunciado Ministro da Economia, Paulo Guedes, por supostas fraudes em negócios com fundos de pensão patrocinados por estatais. Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil, é alvo de inquérito, no Supremo Tribunal Federal, por caixa 2. Apesar de Moro ter aceito o perdão do demista, o capitão sacou a caneta Bic.
Nesta quinta-feira, O Globo noticiou movimentações suspeitas em conta de um assessor de Flávio Bolsonaro, com suposta participação da próxima primeira-dama.
Tudo isto é um prato cheio para a paralisia de governo tão logo tome posse, pois é um flanco para pedidos de CPIs da oposição, com aval dos demais do sistema político chateados com a operação do outro filho, por exemplo, contra Maia, vazado do Whatsapp. Um prato cheio para a cobertura investigativa e negativa da imprensa que foi hostilizada por Bolsonaro, dando margem à chantagem política, travando as reformas e opondo a gestão ao tema que foi seu principal cabo eleitoral, a corrupção.E pior, com Moro como pêndulo. Setores da PF poderão pressioná-lo a ser enfático e a eventual queda de ministros, destacadamente Paulo Guedes, pode fazer de Bolsonaro vítima de crise semelhante à do PT em 2005, com o escândalo do Mensalão. O depois todos conhecem. Só que o PSL ainda não é um PT em termos de força social na época.
O vetor que elegeu o capitão, a anticorrupção, é o seu calcanhar de Aquiles. E se ele se render ao “jogo de Brasília” e|ou for igualado aos outros políticos, não será mais o Mito, perante os seus 57 milhões de eleitores.