Os petroleiros acreditam que a pauta do preço dos combustíveis ajudará a trazer apoio da população à greve de 72 horas marcada para a próxima quarta (30) e prometem paralisação por tempo indeterminado caso não haja negociações. Nas últimas greves, os petroleiros têm conseguido reduzir a produção de petróleo, principalmente na Bacia de Campos, mas costuma haver poucos efeitos na produção de combustíveis, que é mantida por equipes de contingência.
“Agora o que está em jogo é a privatização das refinarias. As pessoas sabem muito bem que não terão o emprego. Há uma consciência maior da categoria e da sociedade também. Então essa greve vai ser diferente”, diz o diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros) Deyvid Bacelar.
Os sindicatos pedem mudanças na política de preços da Petrobras e a substituição de Pedro Parente no comando da companhia. Alegam que a política atual prejudica a empresa, ao permitir que importações tomem mercado do combustível brasileiro. “A empresa está sendo prejudicada, pois as refinarias estão operando com cargas muito reduzidas, e a BR Distribuidora está perdendo participação no mercado”, argumenta Bacellar, que já participou do conselho de administração da companhia.
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De fato, no primeiro trimestre, as refinarias operaram com 77% de sua capacidade. A perda de mercado foi uma das justificativas apresentadas pela estatal para autorizar reajustes diários em julho de 2017. Bacelar defende a política adotada durante a gestão José Sergio Gabrielli, no governo Lula, que previa o acompanhamento do mercado internacional no longo prazo: os combustíveis passavam alguns períodos acima das cotações externas e outros abaixo.
“Tudo bem houve um período de controle excessivo talvez. Mas também, não precisa ser nem 8 nem 80”, disse o sindicalista, referindo-se ao governo Dilma, quando o represamento de preços trouxe perdas à estatal. “Essa é uma greve de advertência. Uma greve por tempo indeterminado ainda será marcada”, afirmou. “A pauta é viável, só depende do governo federal.”
APOIO
A FUP só incluiu os preços da gasolina e do diesel na pauta da greve marcada para essa semana após o início da paralisação dos caminhoneiros. Antes, a greve estava sendo convocada para protestar contra o plano de venda de ativos da Petrobras. “A greve por tempo indeterminada foi aprovada por mais de 90% dos petroleiros, em resposta ao maior desmonte da história da Petrobras, que avança sobre as refinarias, fábricas de fertilizantes, terminais e dutos de transporte”, disse a entidade em comunicado divulgado no dia 17 de maio.
Após o início da paralisação dos caminhoneiros, a questão dos preços dos combustíveis passou a fazer parte da lista de justificativas para a greve. Em comunicado do dia 22, a FUP passa a dizer que “a redução dos preços dos combustíveis é um dos eixos da greve”. “O aumento diário dos preços da gasolina e do diesel faz parte do pacote de desmonte que a empresa vem sofrendo nesses dois anos do golpe”.
No dia 26, a entidade anunciou a paralisação de 72 horas dizendo que os petroleiros “vão à grave para baixar preços da gasolina e do diesel”. Os sindicatos dizem que a gestão da empresa pratica preços altos para permitir a importação de diesel dos Estados Unidos. A greve começou a ser votada na segunda semana de maio, em assembleias nos 13 sindicatos filiados à FUP. Outros cinco são filiados à FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), que decidiu aderir à greve na semana passada, mas por tempo indeterminado.
No mercado, porém, há grande apreensão com relação à greve anunciada, já que o tema combustíveis está mais próximo da população em geral do que pautas anteriores sobre reajustes salariais e benefícios da categoria.
OUTRAS CATEGORIAS
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) afirmou em nota que o protesto dos caminhoneiros contra “a absurda política de aumento de combustíveis” representa a vontade de todos os brasileiros e, por isso, as entidades sindicais dos policiais apoiam o movimento. “A luta da categoria é a nossa luta”, escreveram.
Os motoboys de São Paulo também demonstraram apoio aos caminhoneiros. “Já praticamente aderimos à greve desde quarta, pela indignação com os preços e porque não temos gasolina para abastecer as motos”, diz Gilberto Almeida dos Santos, presidente do SindimotoSP (sindicato dos motociclistas do estado), que conversa com outras categorias para organizar um ato na próxima sexta (1º) em frente ao prédio da Petrobras, na avenida Paulista.
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